Boas Vindas

Caros e Caras Colegas:

Que bom receber a visita de vocês!!!
Aqui, neste espaço, pretendo relatar minhas experiências em sala de aula, bem como colocar informações úteis e interessantes, sempre que me for possível, acerca da nossa nobre profissão: Professor!
Espero que possam encontrar algo que seja do interesse de vocês e que possamos, juntos, trilhar este caminho de eterna aprendizagem!
Sintam-se à vontade para comentar minhas postagens!!!

Grata pela visita!!!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Um Projeto de Pesquisa... Midias Digitais em Salas de Aula Multisseriadas!

     No último dia 5, participei do processo seletivo organizado pela UNEB com o objetivo de concorrer a uma das vagas oferecidas para o Curso de Pós-Graduação em Educação à Distância nesta instituição, em parceria com a UAB- Universidade Aberta da Bahia. Redigi uma Carta de Intenções e um esboço do Projeto de Pesquisa que pretendo desenvolver no TCC do referido curso.
     Qual o assunto do projeto de pesquisas? As Midias Digitais em Salas de Aula Multisseriadas! Interessa-me, neste contexto, analisar a influência do uso do computador na aquisição do letramento pelos alunos do Ensino Fundamental I (em específico os alunos de salas multisseriadas). Este tema surgiu da experiência em sala de aula e ganhou relevância com a observação de um fenômeno iniciado neste ano: a instalação de laboratórios de informática nas escolas municipais de Conceição do Coité.
     Sería desejável  pelos professores de modo geral (e pelos professores de salas de aula multisseriadas em particular) que o município, ao instalar os laboratórios de informática, contratasse profissionais qualificados para dar conta desta nova demanda. Entretanto, serão os próprios professores que terão de se capacitar para promover a tão desejada inclusão digital dos alunos do Ensino Fundamental I. No caso dos professores de classes multisseriadas (já sobrecarregados), fica a pergunta: como dar conta de mais esta função se já é difícil lecionar cinco disciplinas diferentes para alunos de quatro anos distintos ao mesmo tempo?
     Sabe-se que o professor é desvalorizado neste país e isso ocorre já há algum tempo. Mas esta situação  começa a tomar rumos preocupantes se forem analisadas as atribuições exigidas deste profissional hoje! Fala-se muito do "professor que finge que ensina e do aluno que finge que aprende" e acredita-se que a culpa é do docente por não criar formas de melhor lecionar no sentido de atrair a atenção dos estudantes para o que estes precisam assimilar/aprender. Cobra-se muito  os resultados satisfatórios deste profissional: melhores índices da escola no IDEB, melhor qualidade nas respostas dos alunos às avaliações da Provinha Brasil, do ENEM, do SAEB etc, etc. Entretanto, um questionamento precisa ser feito: o professor está recebendo espaço e tempo em quantidade suficiente para bem desempenhar suas tarefas? É dever deste profissional, que já tem suas atribuições na Educação Básica, ter de dar conta de mais esta atribuição - as aulas de informática? Como fica a situação dos professores que sofrem de tecnofobia? E os alunos: conseguirão uma educação de maior qualidade nestas condições? Conseguirão atingir os níveis de letramento que se espera deles? Como assimilarão a língua materna neste contexto? O letramento digital terá chance de ocorrer com eficiência em salas de aula multisseriadas?
     A forma eficaz de responder a tantas perguntas é através de uma (ou várias) boa pesquisa de campo. O levantamento de informações e sua análise poderão produzir conhecimento para a tomada de importantes decisões referentes à melhoria das políticas que visem o aumento na qualidade do ensino ofertado, principalmente em escolas públicas.
      É com esta esperança que aguardamos os resultados do processo seletivo... Esperança de auxiliar nossos colegas de trabalho a desempenharem suas funções sem se sentirem esmagados por elas! E o novo ano dirá se somos merecedores da responsabilidade de contribuir para o bom cumprimento de deveres tão sagrados na nossa sociedade - a tarefa de compartilhar o conhecimento, auxiliando-a na conquista da cidadania plena!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Estudos e objetivos: conhecendo um pouco sobre Informática...

Fiquei um pouco afastada deste querido blog! Peço desculpas aos meus seguidores pela demora em postar algo novo. Mas os "ossos do ofício" foram os responsáveis por esta ausência involuntária... Depois que o curso de Mídias Digitais acabou, eis que tive uma nova idéia: por que não aprofundar os conhecimentos adquiridos sobre o assunto? O aprendizado foi enriquecedor, o tema interessa sobremaneira nos tempos atuais, principalmente para quem é professor.
Encontrei a chance de conhecer e analisar mais as problemáticas envolvendo a oferta de aulas sobre informática/internet para o ensino básico (ensino fundamental e médio) através de um curso de pós-graduação. A Universidade do Estado da Bahía - UNEB abriu inscrições para pós-graduação em Educação à Distância em meados de setembro e a ocasião se fez propícia para meus planos. Mas, para "chegar lá", terei que passar por um processo seletivo em que escreverei um anteprojeto acompanhado de uma carta de intenções, no momento da prova.
Para dar conta desta tarefa, estou lendo obras de alguns teóricos tais como Piérre Levy. As idéias deste autor me encantaram, tão logo entrei em contato com o livro CIBERCULTURA. A orígem da Internet e da W.W.W., as especulações sobre o modo como as empresas, os governos, a mídia e os pesquisadores vêem o ciberespaço, a proposta de uso que cada um destes seguimentos tem em relação à rede mundial, bem como os benefícios que a cibercultura pode trazer para a sociedade de um modo geral são alguns dos pontos mais importantes abordados neste livro.
Quem quiser conhecer melhor o universo do ciberespaço, leia as obras deste francês que tão bem conhece o assunto. E vamos nos preparar para os desafios que a virtualização nos trará para o futuro...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Concurso do Estado: Essa é Para Quem Mora na Bahia...

Pessoal, agora é oficial!
Saiu o Edital de Concurso para Professor do Estado da Bahia!!!
Desta vez, os candidatos não poderão optar por cidade, mas sim por pólo. A medida, segundo fontes governamentais, visa levar professores qualificados para municípios onde não há estes profissionais. As inscrições vão começar no dia 15 de outubro e vão até o dia 05 de novembro, pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos da Universidade de Brasília - CESPE UnB e custarão 70,00 reais. Serão oferecidas 3.200 vagas para todo o Estado. A carga horária é de 20 horas e a remuneração é de R$ 654,32, acrescido de 31,18% por gratificação de estímulo à atividade de classe. A remuneração oferecida é menor que a constante do Edital de Concurso para Professor no município de Salvador.
Os interessado deverão entrar no site do Diário Oficial do Estado para ler o Edital e no site do CESPE/UnB para fazer as inscrições.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A Webquest: o casamento entre internet e sala de aula!

     Estou concluindo minhas atividades no curso de Mídias Digitais, no NTE de Feira de Santana. Este curso enriqueceu muito os conhecimentos que eu possuía sobre informática e, principalmente, sobre internet. Depois de reciclar idéias acerca de aulas de vídeo e pesquisa na net e da alegria desfrutada em aprender a fazer um blog, conheci algo ainda novo para muitos professores: a Webquest!
     Este inédito meio pedagógico de distribuir tarefas entre alunos foi criado pelo professor da Universidade Estadual da Califórnia, EUA,  Bernie Dodge, em 1995, e sua proposta metodológica visa utilizar a internet de forma criativa. Baseia-se em um esquema formal no qual o professor deve adequar as atividades a serem apresentadas aos discentes em um esquema padrão, com ítens específicos: introdução, tarefa, processo/recursos, avaliação e conclusão. E o assunto a ser estudado/pesquisado precisa ser apresentado como uma investigação ou uma atividade instigante. O aluno é , por exemplo, o detetive que vai seguir pistas para encontrar as respostas procuradas.
     Por requisito do curso, experimentei esta técnica e criei uma webquest sobre a Independência do Brasil. Para isso, hospedei meu trabalho no site PHPWEBQUEST, organizado pelo professor Ezequiel Menta. Há vários exemplos de outros professores, para quem quiser visitar. Há, também, alguns sites que falam sobre o assunto de modo bem claro. Um exemplo é o site do SENAC São Paulo. Entendendo que o professor necessita sempre aprender coisas novas e ser o primeiro a conhecer métodos e técnicas para melhorar a aula que dá a seus alunos (principalmente nestes tempos em que o computador e a internet invadem nossas casas), vale a pena dar uma conferida nesta nova tecnologia educacional!!!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

DICIONÁRIO FOLCLÓRICO DE FESTAS E FOLGUEDOS DOS MEUS ALUNOS

Aqui estão algumas festas feitas pelos meus alunos, com sua importância social e comunitária:




BATALHÃO ROUBADO (trabalho comunitário): Um grupo de homens, moradores de uma comunidade, invadia a fazenda de alguém que ainda não tivesse iniciado os trabalhos de limpeza e semeadura, na época do plantio. A ação consistia em, no espaço de um dia, deixar a terra arada e/ou limpa, pronta para lançar sementes. O dono deveria providenciar comida e bebida para os trabalhadores. No final do dia, os lavradores faziam um samba de roda. Essa atividade acontecia, geralmente, em dia de sábado.

BUMBA-MEU-BOI (festa religiosa): Começa com uma ladainha cantada pelas mulheres presentes na festa. Após os cânticos (o mais famoso é o Ofício de Nossa Senhora), realiza-se um leilão beneficente em que os itens são doados pelas pessoas da comunidade e cuja renda deve ser revertida para o dono da casa onde o evento é feito ou para a igreja. Alguém traz uma armação em forma de arco, feita de varas amarradas com corda de sisal e coberta com um lençol enfeitado, uma caveira da cabeça de um boi de um lado (frente) e um rabo de outro (fundo), quem fica debaixo da armação corre atrás dos presentes, principalmente de quem provoca “o boi”. Quando o leilão acaba, lê-se o Testamento do Boi, em que “cada parte do animal” é destinada a algum dos participantes da festa.

CANTIGAS DE RODA (ritual de cortejo entre moças e rapazes): Em noites claras e de tempo bom, após a realização de algum serviço comunitário (Bata do Milho, Bata do Feijão etc.) as moças e os rapazes faziam uma roda, na qual ficavam circulando de mãos dadas, cantando músicas e tirando versos com o objetivo de cortejar. As moças dirigiam seus versos aos rapazes ou para outras que desejassem namorar algum rapaz do seu interesse e os rapazes cantavam para as moças, para elogiá-las ou propor-lhes namoro.

DIGITORO ou ADJUTÓRIO (trabalho comunitário): Um trabalho comunitário semelhante ao Batalhão Roubado. A diferença é que sempre se faz com o consentimento ou a pedido do dono da roça que será limpa. Isso acontece, geralmente, quando ele está sem dinheiro para pagar trabalhadores e pede ajuda aos amigos da comunidade para lavrar sua terra.

MÚSICA DE GAITAS ou BANDA DE PÍFANOS (arte regional): É um grupo de músicos que tocam gaitas (espécie de flautas), zabumba, caixa de guerra, tambores e outros instrumentos de percussão. Eles animam as festas em geral, como os reisados de moça, os reisados de homem e os leilões comunitários.

PRESÉPIO (arte religiosa): É feito na época do Natal. Um grupo de moças, chamadas de pastorinhas, trajando vestidos brancos com mangas, faixa vermelha na cintura e chapéu feito de papel franzido na cor branca, cantam e dançam aos pares, ao lado da lapinha (um presépio montado), acompanhadas de dois rapazes.

REISADO DE MOÇA (festa religiosa): As moças, vestidas com saias de tecido estampado e blusa branca com uma faixa vermelha atravessada sobre o corpo, acompanhadas de três rapazes (que representam os três reis magos), reúnem-se e vão para uma casa onde as pessoas gostam de celebrar o Dia de Reis. Cantam e dançam cânticos religiosos, elogios e pedidos aos donos da casa e as despedidas, em forma de roda. Nestas músicas, há informações sobre o tipo de vida que elas levam na comunidade. Quando é realizado sem aviso prévio aos donos da casa onde farão a festa, usa-se o termo “roubar reis”. Quando elas chegam, os donos da casa devem abrir a porta para as moças entrarem, oferecer comida (doces) e bebida (vinho).

REISADO DE HOMEM (festa religiosa): Vários detalhes diferem esta festa, feita pelos homens, daquela feita pelas moças. Enquanto elas ficam em apenas uma casa, eles saem para visitar várias casas na comunidade. O ritmo dos cânticos e as letras são diferentes, bem como o vestuário utilizado na festa.



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Folclore: tentando inovar

Quando participei da construção da ficha pedagógica referente ao 2º semestre, algumas sugestões dadas para a Semana do Folclore baseavam-se na construção de painéis ou murais por parte dos alunos com alguns temas, tais como comidas típicas, brincadeiras, costumes etc...



Fiquei pensando: não temos à nossa disposição tantos materiais quanto seria necessário (revistas com fotos coloridas para cortar e colar ou impressora a cores para imprimir as fotografias desejadas). Como fazer um mural desses dar certo? Não seria melhor uma atividade alternativa?


A diretora da escola trouxe uma sugestão: como as festas culturais são muito valorizadas pela escola da comunidade, que tal fazer uma apresentação com os alunos? Restava-me pesquisar que tipo de festas da comunidade se encaixava no evento a ser organizado.


Comecei minha pesquisa junto aos alunos no início do mês de agosto e fiquei profundamente surpresa com as respostas dadas por eles: reisado de homem, reisado de moça, presépio interpretado, batalhão roubado, bumba meu boi, música de gaitas (ou banda de pífano)... O que havia de mais cultural e folclórico além daquelas festas herdadas de seus antepassados?


Voltei ao tempo de infância. Naquele momento de minha vida, recebi uma rica influência na formação ao habitar em distintos lugares e conviver com diferentes pessoas. Eu conhecera dois ambientes muito contrastantes: o desenvolvimento social e tecnológico da zona urbana, presente na cidade onde morava - Diadema, e o conservadorismo da zona rural, presente no povoado de Aroeira - em Conceição do Coité, local em que se originou parte da minha família consangüínea. Na Fazenda Morro, local próximo a Aroeira, havia um senhor, de nome Dionísio, possuidor de uma banda de pífanos em que os tocadores eram muito unidos e animavam as festas da região, com seus instrumentos de sopro misturados com instrumentos de percussão. Também havia presenciado uma versão consentida do batalhão roubado, na forma de adjutório (que eles chamam de ‘digitoro’), ocorrida certa vez na ‘roça’ de minha mãe.


Festas animadas, familiares, guardando toda a inocência e simplicidade daquele povo humilde que muito contribuiu para complementar o aprendizado que tenho adquirido.


Entristecedor foi saber, por intermédio dos alunos, que seus filhos não querem dar continuidade às festividades de seus antepassados, por acharem-nas ultrapassadas. Costumes tão saudáveis, mas desprezados pelos jovens, interessados apenas em eventos de culturas importadas de outros países, cujo sentido ignoram e origem desconhecem.


Assim, decidimos ensaiar um reisado de moça com os alunos e eu estou torcendo para que dê certo. Se conseguirmos apresentar um recorte da tradição herdada de seus ancestrais, teremos cumprido a missão de ajudá-los a resgatar sua cultura, contribuindo para revitalizar as tradições presentes no pensamento daquelas famílias e de sua comunidade.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

É possível ser humilde na profissão?

Estava em mais uma aula, nesta semana, quando Valdineide, uma das alunas surdas, resolveu pegar um livro de outra turma para curiar. Começou a folheá-lo e repentinamente sinalizou para mim, exigindo atenção!
Vou observar o que ela queria; apontou para um gráfico colorido que estava numa das páginas e, conforme passava o dedo indicador por uma cor específica, sinalizava a cor em LIBRAS. Como eu conhecia o que ela estava sinalizando, entendi os sinais que significam amarelo, laranja, lilás...
Após a aula, fui para casa pensativa. Aquela aluna estava me ajudando a relembrar o que eu havia visto no curso... Mas, não era eu quem deveria ensinar a ela aquilo? Uma verdadeira inversão de papéis! Que boa professora estava me saindo, sendo ensinada por meus alunos! Isso é o que dá ir para a sala de aula sem preparação para o que se vai fazer lá! (oh! desolação...)
Então me veio uma questão: o mundo ideal criado em minha cabeça mostra que eu deveria estar preparada para lecionar de acordo com as necessidades dos meus alunos. Mas, se eu entrasse em sala de aula assim, "preparada", será que não iria ignorar os pequenos gestos de Valdineide? Será que não iria achar que já sabia tudo o que precisava saber e, com isso, passaria a desprezar as diferenças entre o meu mundo e o dos alunos para quem leciono, seres tão humanos quanto eu, mas com experiências de vida diversas?
Concluo que é melhor estar despreparada, mesmo! Não iria apreciar o que aprecio na companhia deles se estivesse convencida de "já saber sobre tudo". Meu lado profissional perde com isso, mas moralmente enriqueço a cada dia! E assim, começo a apreciar o valor da minha ignorância...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Reflexões Sobre um Curso...

Estou fazendo um curso de informática à distância no NTE de Feira de Santana. Este curso foi uma proposta da Secretaria da Educação do município em que trabalho, visto que agora é "obrigatório" aos professores terem nocões de informática para passá-las aos seus alunos. Não que eu não tivesse "noções de informática". O problema a me afligir desde que iniciaram os preparativos para implantar um Laboratório de Informática na escola onde trabalho é: que metodologia devemos usar para ensinar nossos alunos a "mexer" em um computador, se estamos encontrando dificuldades para ensiná-los a ler?

Ao iniciar o curso de Mídias Digitais, confesso que fiquei descrente de sua utilidade em sala de aula. "Servirá para eu aperfeiçoar minhas habilidades frente à internet", dizia à diretora da escola onde trabalho, "mas não sei no que este curso me ajudará nas aulas aos meus alunos." Achava que ele nos apresentaria às mídias digitais sem, entretanto, chegar onde eu queria: trazer propostas metodológicas para eu usar com meus alunos de modo a ensiná-los não somente a ler, mas a descobrir o "mundo da Internet"!

Comecei a achar que ele estava me tirando tempo precioso, utilizado para criar materiais didáticos a meus alunos, mesmo sabendo que este pensamento ia de encontro à minha eterna sede de conhecimento. Mas o "divisor de águas" foi a criação deste blog! Ele faz parte das atividades exigidas no curso. Passei a meditar: se eu não tivesse entrado neste curso, nunca iria conhecer o prazer de blogar... Isso é muito triste, principalmente para mim que adoro o mundo da internet!!! As possibilidades que ela traz, hoje, a todas as pessoas que aprendem a utilizá-la é uma forma de democratização antes nunca vista, porque dá voz a quem nunca a teve de modo tão público. Passei a amar o curso que faço, já curtindo cada atividade que virá por antecedência! E sentindo saudades antecipadas em relação ao seu final, que em breve chegará!

Nada como o conhecimento para nos fazer mudar de idéia! E reformar nossas mentes. Este curso tem me mostrado que não devemos desprezar nenhuma oportunidade de aprendermos coisas novas, por mais improváveis sejam suas aplicações em nossa vida diária. Aprender é faxinar a mente, é criar possibilidades de nos defendermos em situações difíceis que ainda não sabemos quando virão. É crescermos para atrairmos os outros e envolvê-los em onda de progresso junto a nós. E ainda tem uma vantagem: é a melhor forma de fugir do Mal de Alzheimer!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Para não dizer que não falei de livros...

Estava empolgada, falando da importância da Linguística para quem leciona numa sala de aula com alunos alfabetizandos. Não lembrei de um livro interessante que li e que me ajudou muito neste processo, do ponto de vista teórico. O título é Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, de Maria Lúcia de Castro Gomes. Ela é professora e tem experiência em metodologia de língua estrangeira. Este livro dela fala da relação entre Linguística e Alfabetização, da Variação Linguística, sugestões de metodologias a serem aplicadas pelo professor que trabalha com linguagens e de outros assuntos pertinentes a qualquer profissional da área de Língua Portuguesa. A linguagem do livro é acessível e de fácil entendimento.
A única crítica que eu faço a ele é pelo fato de ser pequeno (cerca de 200 páginas). Deixa a gente com vontade de ler mais.
Quem tiver interesse em Linguística e estiver se preparando para entrar em sala de aula não pode perder esta leitura!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Alfabetização e Linguística: uma relação íntima...

Ao sair da faculdade de Letras, acreditava que estava pronta, apenas, para dar aulas aos alunos das classes entre 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. Magistério e Pedagogia, pensava, são os cursos ideais para quem vai trabalhar com crianças. A idéia de alfabetizar sempre me trazia a desagradável sensação de "um frio na espinha".
Então surgiu o concurso da prefeitura municipal... Pensei em não fazer. Não queria dar aulas para crianças, pois acho que elas precisam de pessoas que tenham profundo amor no coração e eu reconheço que ainda não cheguei neste nível de maturidade psíquica e moral. Ainda estou para descobrir minhas habilidades com crianças. Meu público preferido são os adolescentes e os adultos. É mais fácil negociar com essa faixa etária de aluno, imaginei.
Mas queria entrar na área da Educação; quem sabe eu poderia conseguir uma sala de aula do 6° ano em diante... Precisava perder o medo e encarar o desafio. Após passar no concurso e ser chamada para trabalhar, fico sabendo que, como eu queria, ia trabalhar com adultos. Mas, estes adultos estavam, em maioria, na fase de alfabetização. E agora? O que eu faço? Não tenho experiência com isso. Como vou me sair dessa???
Com a ajuda de uma grande amiga e colega de trabalho, Margarete, consigo organizar os primeiros planos de aula. Tarefas, materiais didáticos, livros especializados... Tudo o que ela tinha, passou-me como quem dá o corpo e a alma ao "náufrago desesperado". Mais do que isso! Margarete conseguiu acalmar meu juizo!
Inicio minhas aulas e descubro, junto a meus alunos, os fonemas, as letras, as sílabas... Começo a brincar com eles, utilizando os sons que cada letra tem em determinado contexto. Chegava a ficar rouca depois de uma aula. Mas valia a pena! Alcançava meu objetivo de despertar neles o gosto pela leitura. Então, percebi algo surpreendente: meus conhecimentos de Linguística eram úteis! Nunca poderia imaginar o quanto eram valorosos os estudos e pesquisas sobre o mundo dos fonemas para quem está alfabetizando! Só a vivência em sala de aula para me mostrar isso...
Minha visão sobre o curso de Letras Vernáculas mudou completamente! Até aquele momento, achava que era a licenciatura mais humilde que alguém poderia fazer. Agora, vejo a sua importância para trabalhar com regras tão complexas quanto às que estruturam uma linguagem. Aconselharia a todas as pessoas que querem trabalhar com alfabetização e com crianças a fazerem este curso ou a estudar este assunto. Ele se revela uma grande ferramenta para compreender as regras por trás da gramática de cada língua e, o mais importante, nos desarma dos preconceitos que criamos em relação ao nosso idioma.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Quando alunos especiais entram em uma sala de aula regular...

Era o meu quinto dia de aula. Não conhecia todos os alunos anotados no diário de classe. Então, a pedido da diretora da escola onde leciono, resolvi visitar os futuros discentes da minha turma.
Antes de iniciar minha viagem, a diretora me dá um aviso: "Você terá duas alunas especiais em sua sala de aula". Pergunto a modalidade da deficiência (se é que esta palavra ainda pode ser tida como politicamente correta), e recebo como resposta a palavra "surdez".
A única reação que consegui esboçar, diante do pânico dominador que a notícia me trouxe, foi perguntar à ela se estava brincando comigo. Eu não tinha feito, até então, nenhum curso de LIBRAS. Como conseguiria dar conta de uma demanda desta? Ela tentou me consolar, prometendo: "tão logo apareça um curso adequado, encaixo você nele".
Após as visitas, tive a sensação de estar entrando em uma novela digna da assinatura de Franz Kafka (desculpem-me por parodiar O Homem Nu, mas o impacto que esta história me causou foi muito real). Após passar um final de semana praticamente sem dormir, com tal situação na mente, recebo as alunas em sala de aula. Descobri que elas sabiam escrever e, na minha ignorância, achava que também sabiam ler. Tentei me utilizar de pessoas que conviviam com elas para servirem de intérprete e achei que tinha solucionado o problema, até o dia em que a mãe da professora de LIBRAS que lecionava para elas me fez uma visita em plena sala de aula. Para cumprimentá-las, optei pela linguagem universal do afeto: já que não sabia dar "boa-noite" em LIBRAS, abraçava e beijava-as toda vez que chegavam ou saíam da aula para voltar à suas casas.
Confesso que sempre procurei estar atenta aos problemas físicos e psíquicos de meus alunos. Sei que não há professor bom se o aluno estiver com problemas e se estes não forem resolvidos. Tanto é verdade que a primeira providência tomada por mim em sala de aula foi marcar exames de vista para aqueles que mostraram dificuldades nesta área. Estava até criando meu próprio material didático para adequá-lo às deficiências visuais dos estudantes, visto que o material ofertado pela Secretaria de Educação do município não estava com o tamanho de letra adequado à condição deles. E quando lecionamos para jovens e adultos, à noite, esta questão é de fundamental importância. Tanta preocupação, e elas não eram suficientes...
Marli começou a me explicar que o mundo dos surdos é diferente do nosso. Que eu não estava fornecendo material didático adequado a elas e que tentaria providenciar um intérprete para o meu caso, pois a
lei me garantia este direito. Minhas alunas eram "copistas" e, como eram surdas desde que nasceram, não sabiam ler lábios. Portanto, não me entendiam!
Esta conversa foi o momento preliminar para a minha descoberta, dias depois, quando a diretora acima citada veio me dar a notícia tão esperada: o Governo do Estado da Bahia, em parceria com os municípios, iria fornecer cursos na área de Educação Especial e os professores da rede regular que tivesse alunos nesta condição poderiam participar. Minha inscrição estava feita e a duração seria de 40 horas (ou seja, uma semana inteira!).
Entrei naquele curso com uma certeza: a deficiente era eu! Nossa turma foi dividida em dois tempos, sendo o primeiro para estudar LIBRAS e o segundo para estudar Metodologias de Aulas para Surdos. A coisa mais importante que aprendi foi a noção de solidão em que viviam minhas alunas na sala de aula, por não ter, lá, quem as compreendesse. A segunda, foi que surdez não é deficiência, mas sim um estilo de vida em que a pessoa, obrigatoriamente, é estrangeiro em seu próprio país. Tudo o que eu teria de fazer era adequar a minha metodologia no que se referia às alunas especiais. Adequar, utilizando metodologia de segunda língua! Isso, é claro, desde que eu aprendesse a língua delas.
Ah! Que alívio poder me comunicar com minhas alunas, saber que elas estavam me entendendo sem precisar me utilizar de intérprete para isso... Não dá para contar as lágrimas que este prazer me trouxe...
Hoje, agradeço a elas pelo que tenho sido forçada a aprender! Elas me mostraram que a vida é belíssima. Que sempre há um jeito de resolvermos um problema, por mais difícil que ele pareça. Ainda sofro, tendo de criar material para esta condição especialíssima que eu não conhecia na minha pouca experiência pedagógica. Entretanto, ao olhar para elas, sei que as vezes temos de construir o caminho por onde trilharemos e também que compensa fazer o esforço de utilizar o conhecimento que temos para criar pontes verbais e nos comunicarmos com nossos irmãos usuários de linguagens diferentes da nossa!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O que é viver sem saber ler?

Certa noite, chego nervosa à sala de aula. O motorista que me conduzia ao trabalho estava dirigindo alcoolizado e eu precisava tomar alguma providência. O carro que me transportava também levava parte dos alunos e eu não queria nem podia colocar a vida deles em risco. Penso que a educação já começa deste modo: o professor deve garantir a integridade física e mental de seus alunos, no espaço relacionado à sala de aula (e, as vezes fora dele! O Estatuto da Criança e do Adolescente está aí para cobrar isso). De repente, uma frase dita por um aluno fura os meus ouvidos:
- Professora! Você não sabe o que é viver sem saber ler.
Ainda tentando colocar ordem em minha cabeça, paro o que estou fazendo e tento ouvir aquela voz. Era Veríssimo, aluno aplicado, a me conduzir para tamanha reflexão. Ele continua seu discurso:
- Sabe, professora, eu já vi gente deixar de receber "os tempos de serviço" só porque não sabia pegar um elevador para chegar ao terceiro andar de um prédio.
Começo a perceber que algo de sério viria nesta conversa. Este aluno, sempre instigado em sala de aula, resolvia me fazer um relato do que tinha sido a vida dele até então:
- Olha, professora, é cada situação que a gente passa... Imagine o cidadão ir a uma repartição pública, fazer um documento. Ele fica lá, em pé, na porta da sala, esperando o funcionário chegar para abrir. Depois de algum tempo, geralmente longo, alguém chega e pergunta: "o que você deseja?" "Vim fazer um documento", daí a pessoa diz "a repartição está em greve". Sabe lá o tempo que a gente passou esperando? As vezes, professora, o papel tá lá, informando! Mas a gente não sabe ler... Então, perde tempo! Outra hora, a gente vai ao supermercado, pegar uma mercadoria embalada e fica sem saber qual embalagem tem o sabor que se procura. Uma vez eu fui comprar uma lata de leite para o meu patrão e acabei comprando uma lata de achocolatado. Daí ele me disse: "Eu queria que você comprasse leite. Por que me trouxe chocolate em pó?" Ah! Professora... É tão triste não saber ler...
- Comecei a perceber, então, a intensidade do abismo que havia naquela conversa. Como compreender Veríssimo? Eu aprendi a ler aos sete anos de idade. Desde criança, conheço o "mundo das letras, das palavras, dos textos". Como me utilizar de empatia e me colocar no lugar dele? Como imaginar a vida sem saber ler? Percebi, neste momento, que ninguém do meu conhecimento e nesta condição tinha me informado o que era ser analfabeto. Meus parentes e conhecidos analfabetos nunca tinham me feito relatos deste tipo. As pessoas não costumam falar das desvantagens que sofrem na vida ou talvez não ligue para elas. Provavelmente se acostumaram com a condição de não saber ler.
Fiquei "suspensa no ar" com esta conversa. Qual o nível de felicidade de alguém que passou a vida inteira sem conhecer as letras e as regras para juntá-las quando, de repente, tem acesso à escola e aprende a ler? Meu aluno está me ensinando sobre isso. Acho que agora posso tentar fazer a ponte entre estes dois lados: o do analfabetismo e o do letramento.
E acabo aprendendo que a Educação tem o poder de libertar as pessoas da escravidão. Escravidão de não saber ler, de não saber exercer seus direitos no mundo.
Meu aluno está me ensinando isso!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Nascendo mais uma experiência...

Quando tinha nove anos de idade, pensava em trabalhar num banco. Alguém que estava do meu lado e era responsável pela minha educação disse-me que eu seria bem mais útil sendo professora (ainda que eu utilizasse minhas habilidades docentes para coisas não tão boas quanto a profissão exige). Resisti bravamente à idéia, mas o destino nos persegue onde quer que estejamos e eis-me, hoje, aqui, para relatar um pouco desta experiência que tem sido tão desesperadora quanto gratificante, ou talvez um verdeiro sacerdócio. Espero que estes relatos sejam úteis para quem os leia, pois acredito que o testemunho pode ser a melhor coisa que temos a oferecer quando o resto nos faltar. Espero que meus leitores encontrem, senão o que buscam, pelo menos uma idéia para seguir em frente! Bem Vindos (as) ao meu blog!!!