Boas Vindas

Caros e Caras Colegas:

Que bom receber a visita de vocês!!!
Aqui, neste espaço, pretendo relatar minhas experiências em sala de aula, bem como colocar informações úteis e interessantes, sempre que me for possível, acerca da nossa nobre profissão: Professor!
Espero que possam encontrar algo que seja do interesse de vocês e que possamos, juntos, trilhar este caminho de eterna aprendizagem!
Sintam-se à vontade para comentar minhas postagens!!!

Grata pela visita!!!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

DICIONÁRIO FOLCLÓRICO DE FESTAS E FOLGUEDOS DOS MEUS ALUNOS

Aqui estão algumas festas feitas pelos meus alunos, com sua importância social e comunitária:




BATALHÃO ROUBADO (trabalho comunitário): Um grupo de homens, moradores de uma comunidade, invadia a fazenda de alguém que ainda não tivesse iniciado os trabalhos de limpeza e semeadura, na época do plantio. A ação consistia em, no espaço de um dia, deixar a terra arada e/ou limpa, pronta para lançar sementes. O dono deveria providenciar comida e bebida para os trabalhadores. No final do dia, os lavradores faziam um samba de roda. Essa atividade acontecia, geralmente, em dia de sábado.

BUMBA-MEU-BOI (festa religiosa): Começa com uma ladainha cantada pelas mulheres presentes na festa. Após os cânticos (o mais famoso é o Ofício de Nossa Senhora), realiza-se um leilão beneficente em que os itens são doados pelas pessoas da comunidade e cuja renda deve ser revertida para o dono da casa onde o evento é feito ou para a igreja. Alguém traz uma armação em forma de arco, feita de varas amarradas com corda de sisal e coberta com um lençol enfeitado, uma caveira da cabeça de um boi de um lado (frente) e um rabo de outro (fundo), quem fica debaixo da armação corre atrás dos presentes, principalmente de quem provoca “o boi”. Quando o leilão acaba, lê-se o Testamento do Boi, em que “cada parte do animal” é destinada a algum dos participantes da festa.

CANTIGAS DE RODA (ritual de cortejo entre moças e rapazes): Em noites claras e de tempo bom, após a realização de algum serviço comunitário (Bata do Milho, Bata do Feijão etc.) as moças e os rapazes faziam uma roda, na qual ficavam circulando de mãos dadas, cantando músicas e tirando versos com o objetivo de cortejar. As moças dirigiam seus versos aos rapazes ou para outras que desejassem namorar algum rapaz do seu interesse e os rapazes cantavam para as moças, para elogiá-las ou propor-lhes namoro.

DIGITORO ou ADJUTÓRIO (trabalho comunitário): Um trabalho comunitário semelhante ao Batalhão Roubado. A diferença é que sempre se faz com o consentimento ou a pedido do dono da roça que será limpa. Isso acontece, geralmente, quando ele está sem dinheiro para pagar trabalhadores e pede ajuda aos amigos da comunidade para lavrar sua terra.

MÚSICA DE GAITAS ou BANDA DE PÍFANOS (arte regional): É um grupo de músicos que tocam gaitas (espécie de flautas), zabumba, caixa de guerra, tambores e outros instrumentos de percussão. Eles animam as festas em geral, como os reisados de moça, os reisados de homem e os leilões comunitários.

PRESÉPIO (arte religiosa): É feito na época do Natal. Um grupo de moças, chamadas de pastorinhas, trajando vestidos brancos com mangas, faixa vermelha na cintura e chapéu feito de papel franzido na cor branca, cantam e dançam aos pares, ao lado da lapinha (um presépio montado), acompanhadas de dois rapazes.

REISADO DE MOÇA (festa religiosa): As moças, vestidas com saias de tecido estampado e blusa branca com uma faixa vermelha atravessada sobre o corpo, acompanhadas de três rapazes (que representam os três reis magos), reúnem-se e vão para uma casa onde as pessoas gostam de celebrar o Dia de Reis. Cantam e dançam cânticos religiosos, elogios e pedidos aos donos da casa e as despedidas, em forma de roda. Nestas músicas, há informações sobre o tipo de vida que elas levam na comunidade. Quando é realizado sem aviso prévio aos donos da casa onde farão a festa, usa-se o termo “roubar reis”. Quando elas chegam, os donos da casa devem abrir a porta para as moças entrarem, oferecer comida (doces) e bebida (vinho).

REISADO DE HOMEM (festa religiosa): Vários detalhes diferem esta festa, feita pelos homens, daquela feita pelas moças. Enquanto elas ficam em apenas uma casa, eles saem para visitar várias casas na comunidade. O ritmo dos cânticos e as letras são diferentes, bem como o vestuário utilizado na festa.



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Folclore: tentando inovar

Quando participei da construção da ficha pedagógica referente ao 2º semestre, algumas sugestões dadas para a Semana do Folclore baseavam-se na construção de painéis ou murais por parte dos alunos com alguns temas, tais como comidas típicas, brincadeiras, costumes etc...



Fiquei pensando: não temos à nossa disposição tantos materiais quanto seria necessário (revistas com fotos coloridas para cortar e colar ou impressora a cores para imprimir as fotografias desejadas). Como fazer um mural desses dar certo? Não seria melhor uma atividade alternativa?


A diretora da escola trouxe uma sugestão: como as festas culturais são muito valorizadas pela escola da comunidade, que tal fazer uma apresentação com os alunos? Restava-me pesquisar que tipo de festas da comunidade se encaixava no evento a ser organizado.


Comecei minha pesquisa junto aos alunos no início do mês de agosto e fiquei profundamente surpresa com as respostas dadas por eles: reisado de homem, reisado de moça, presépio interpretado, batalhão roubado, bumba meu boi, música de gaitas (ou banda de pífano)... O que havia de mais cultural e folclórico além daquelas festas herdadas de seus antepassados?


Voltei ao tempo de infância. Naquele momento de minha vida, recebi uma rica influência na formação ao habitar em distintos lugares e conviver com diferentes pessoas. Eu conhecera dois ambientes muito contrastantes: o desenvolvimento social e tecnológico da zona urbana, presente na cidade onde morava - Diadema, e o conservadorismo da zona rural, presente no povoado de Aroeira - em Conceição do Coité, local em que se originou parte da minha família consangüínea. Na Fazenda Morro, local próximo a Aroeira, havia um senhor, de nome Dionísio, possuidor de uma banda de pífanos em que os tocadores eram muito unidos e animavam as festas da região, com seus instrumentos de sopro misturados com instrumentos de percussão. Também havia presenciado uma versão consentida do batalhão roubado, na forma de adjutório (que eles chamam de ‘digitoro’), ocorrida certa vez na ‘roça’ de minha mãe.


Festas animadas, familiares, guardando toda a inocência e simplicidade daquele povo humilde que muito contribuiu para complementar o aprendizado que tenho adquirido.


Entristecedor foi saber, por intermédio dos alunos, que seus filhos não querem dar continuidade às festividades de seus antepassados, por acharem-nas ultrapassadas. Costumes tão saudáveis, mas desprezados pelos jovens, interessados apenas em eventos de culturas importadas de outros países, cujo sentido ignoram e origem desconhecem.


Assim, decidimos ensaiar um reisado de moça com os alunos e eu estou torcendo para que dê certo. Se conseguirmos apresentar um recorte da tradição herdada de seus ancestrais, teremos cumprido a missão de ajudá-los a resgatar sua cultura, contribuindo para revitalizar as tradições presentes no pensamento daquelas famílias e de sua comunidade.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

É possível ser humilde na profissão?

Estava em mais uma aula, nesta semana, quando Valdineide, uma das alunas surdas, resolveu pegar um livro de outra turma para curiar. Começou a folheá-lo e repentinamente sinalizou para mim, exigindo atenção!
Vou observar o que ela queria; apontou para um gráfico colorido que estava numa das páginas e, conforme passava o dedo indicador por uma cor específica, sinalizava a cor em LIBRAS. Como eu conhecia o que ela estava sinalizando, entendi os sinais que significam amarelo, laranja, lilás...
Após a aula, fui para casa pensativa. Aquela aluna estava me ajudando a relembrar o que eu havia visto no curso... Mas, não era eu quem deveria ensinar a ela aquilo? Uma verdadeira inversão de papéis! Que boa professora estava me saindo, sendo ensinada por meus alunos! Isso é o que dá ir para a sala de aula sem preparação para o que se vai fazer lá! (oh! desolação...)
Então me veio uma questão: o mundo ideal criado em minha cabeça mostra que eu deveria estar preparada para lecionar de acordo com as necessidades dos meus alunos. Mas, se eu entrasse em sala de aula assim, "preparada", será que não iria ignorar os pequenos gestos de Valdineide? Será que não iria achar que já sabia tudo o que precisava saber e, com isso, passaria a desprezar as diferenças entre o meu mundo e o dos alunos para quem leciono, seres tão humanos quanto eu, mas com experiências de vida diversas?
Concluo que é melhor estar despreparada, mesmo! Não iria apreciar o que aprecio na companhia deles se estivesse convencida de "já saber sobre tudo". Meu lado profissional perde com isso, mas moralmente enriqueço a cada dia! E assim, começo a apreciar o valor da minha ignorância...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Reflexões Sobre um Curso...

Estou fazendo um curso de informática à distância no NTE de Feira de Santana. Este curso foi uma proposta da Secretaria da Educação do município em que trabalho, visto que agora é "obrigatório" aos professores terem nocões de informática para passá-las aos seus alunos. Não que eu não tivesse "noções de informática". O problema a me afligir desde que iniciaram os preparativos para implantar um Laboratório de Informática na escola onde trabalho é: que metodologia devemos usar para ensinar nossos alunos a "mexer" em um computador, se estamos encontrando dificuldades para ensiná-los a ler?

Ao iniciar o curso de Mídias Digitais, confesso que fiquei descrente de sua utilidade em sala de aula. "Servirá para eu aperfeiçoar minhas habilidades frente à internet", dizia à diretora da escola onde trabalho, "mas não sei no que este curso me ajudará nas aulas aos meus alunos." Achava que ele nos apresentaria às mídias digitais sem, entretanto, chegar onde eu queria: trazer propostas metodológicas para eu usar com meus alunos de modo a ensiná-los não somente a ler, mas a descobrir o "mundo da Internet"!

Comecei a achar que ele estava me tirando tempo precioso, utilizado para criar materiais didáticos a meus alunos, mesmo sabendo que este pensamento ia de encontro à minha eterna sede de conhecimento. Mas o "divisor de águas" foi a criação deste blog! Ele faz parte das atividades exigidas no curso. Passei a meditar: se eu não tivesse entrado neste curso, nunca iria conhecer o prazer de blogar... Isso é muito triste, principalmente para mim que adoro o mundo da internet!!! As possibilidades que ela traz, hoje, a todas as pessoas que aprendem a utilizá-la é uma forma de democratização antes nunca vista, porque dá voz a quem nunca a teve de modo tão público. Passei a amar o curso que faço, já curtindo cada atividade que virá por antecedência! E sentindo saudades antecipadas em relação ao seu final, que em breve chegará!

Nada como o conhecimento para nos fazer mudar de idéia! E reformar nossas mentes. Este curso tem me mostrado que não devemos desprezar nenhuma oportunidade de aprendermos coisas novas, por mais improváveis sejam suas aplicações em nossa vida diária. Aprender é faxinar a mente, é criar possibilidades de nos defendermos em situações difíceis que ainda não sabemos quando virão. É crescermos para atrairmos os outros e envolvê-los em onda de progresso junto a nós. E ainda tem uma vantagem: é a melhor forma de fugir do Mal de Alzheimer!